“Meu nome é Junio Silva, tenho 33 anos e tive a feliz oportunidade de participar das reuniões do grupo ESPERE por dois anos na APAC de Nova Lima. O trabalho desse grupo foi de suma importância para minha vida, pois me encontrava com várias feridas e mágoas no meu interior. Em cada reunião, a ESPERE trabalhava um tema importante para a reconstrução do meu EU. Ensinamentos como resiliência, amor, ética, respeito, compaixão e perdão eram incutidos na gente e, a cada reunião, eu me tornava uma pessoa melhor. Com isso, o meio em que eu vivia ficava melhor ainda. Eu realmente posso falar que aprendi a importância de fazer pontes nos relacionamentos interpessoais para reconciliar e perdoar possíveis mágoas. Pontes que haviam sido rompidas por atitudes impensadas que tomei ao longo da minha vida. Pude pedir perdão para minha família por ter causado dor e sofrimento, tive coragem de pedir perdão a minha filha por ter ficado dez anos longe dela. De todos os encontros que participei, o mais importante foi o que as “meninas” da ESPERE me conduziram pela ponte do perdão, quando pude me perdoar por todo sofrimento que eu havia causado a mim mesmo. Eu nunca tinha parado e pensado nisso!
Eu sempre tive tudo o que quis. Comecei a trabalhar com 11 anos de idade, estudei, morei sozinho; não tive a oportunidade de ser criado por minha mãe mas, mesmo assim, lutava para ser alguém na vida. Quando completei meus 18 anos, servi Exército. Depois fui trabalhar com um Deputado, me casei e trabalhei na Guarda Municipal de Belo Horizonte. Tinha uma vida relativamente boa e era totalmente independente. Até que, num dado momento, tudo desabou: o casamento acabou, fiquei desempregado e acabei cometendo alguns crimes que me fizeram ficar preso por 10 anos.
Eu nunca me perdoava por tudo isso, por ter feito pessoas sofrerem, por terem tido seu espaço e seus direitos violados, por ter quebrado as leis da sociedade. Eu, que sempre quis ser alguém… Eu não tinha me perdoado por ter me colocado atrás das grades e perder o bem mais precioso que nós seres humanos temos: a “Liberdade”. Após dois anos participando das reuniões do Grupo ESPERE, eu pude me perdoar e me tornar uma pessoa livre, livre de espírito, livre mentalmente, emocionalmente e ainda me reconstruir interiormente para começar tudo novamente e retornar à sociedade como um ser humano melhor. Hoje, eu tenho vergonha das coisas ruins que fiz.
Muito obrigado pelo trabalho que fazem na vida das pessoas, E, acima de tudo, por se preocuparem com os que estão atrás das grades; pessoas que precisam realmente de ajuda, que precisam de conhecer os ensinamentos que vocês têm para passar, fomentando assim a possibilidade de retornarem para o âmbito social prontos para viver e não mais ferir o direito do próximo.”